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a minha morada

 
fugi de um mundo; não perdido, mas encontrado.e é por isso que não estou agora aqui,nem em lado algum. a minha morada é feita de palavras de ar. erectas mas passageiras. que arrumo e desarrumo como se fossem casas de vento.eu habito o vento; procuro refúgio onde há loucura apenas.tal como as casas,às vezes as palavras dão-me a luz das janelas;outras, a escuridão do sossego.outras ainda,portas a bater,corredores do medo.
às vezes dão-me uma cama onde me deixo ser .amor. ou me deito. no cansaço de não ser nada.depois deixo que o vento me revolva os lençóis.me fustigue as vidraças. me bata as portadas. me estremeça. como luz . velas.
ninguém ouve os meus uivos.ninguém ouve o meu vento.deixo que ele me beije e me afague a face deste vosso silêncio. que me derrube, me eleve e me faça rodopiar. Às vezes dançamos uma dança invisivel que me doi, familiar.
E é neste terreno sem terra sagrada que ele me habita.e eu ,eu em ruído,eu tantas vezes em tempestade, eu. calada.
habito-o.


cruz mendes

 
Autor
Alexis
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Enviado por Tópico
Vania Lopez
Publicado: 02/08/2011 23:43  Atualizado: 02/08/2011 23:43
Membro de honra
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Mensagens: 18496
 Re: a minha morada
E jamais dissipa num sopro... coisa linda de se ler. bjs


Enviado por Tópico
AnaMartins
Publicado: 03/08/2011 00:42  Atualizado: 03/08/2011 00:42
Colaborador
Usuário desde: 25/05/2009
Localidade: Porto
Mensagens: 2220
 Re: a minha morada
Ah,Rubia! Beijinho enorme pelo texto. Levo-o em silencio.


Enviado por Tópico
Transversal
Publicado: 03/08/2011 03:51  Atualizado: 03/08/2011 03:51
Membro de honra
Usuário desde: 02/01/2011
Localidade: Lisboa (a bombordo do Rio Tejo)
Mensagens: 3755
 Re: a minha morada
"fugi"..."habito o vento;procuro refúgio"..."as palavras dão-me a luz das janelas"..."velas"..."ninguém ouve o meu vento"...e "eu, calada/habito-o"

Gostei bastante

Abraço te