Descortina-me nesse pensar, De mangas feitas que ainda me encontro a remendar, Descortina-me por entre esses véus, Que não deixam o olho da solidão avistar, Versos perfumados com aroma de mar…
E nas pancadas dessa porta, Que bate e embate com a brisa que não deixa respirar, Com a brisa feita de poeiras falsas e não de ar, Tranco-me nessa casa, Perfeita de vazio e com tantos sentimentos a girar…
E giram nessa roleta viva, Ora gira para a direita contrariando o tempo, Ora gira para a esquerda seguindo o maldito que me quer matar, E pensar que não penso, Pensar que não vivo com esse manto a cobrir memórias de mar.
E levanta de mim esse peso, Desse manto que cobre não só um corpo, Mas uma alma que tem o desejo profundo de gritar! A roleta gira e gira sem parar, Contrariando esse tempo que não me deixa pensar…
E por trás desse véu, Grito, descortinando de mim o pensar… O pesar!
Marlene Carneiro
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