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Data 28/10/2011 12:26:20 | Tópico: Poemas

Só cabe no que fica
Ao redor
Na aura do poema
O sentido do não-dito
Que se persegue

Não há tinta que demonstre
O que só os olhos
Do poeta
Podem

Florestas e castelos
Canto de pássaros
Paraísos
Tudo que existe
Degustado tantas vezes
Lágrima envenenada
Lágrima de desespero
Sangue humano
Boca e bafo

Foram outras vidas?
Quanto tempo durou todo esse inferno?
Onde está o meu vendedor de pastilhas?
E o homem que falava Yorubá?
O enfermeiro com gosto de soro?
Por onde morre o discípulo de Gamaliel?

Da dor formei constelações
Explosões de ódio dão origens a tantas outras
Estrelas

Do amor inventei utopias
Claro que acreditar basta
O sonho é o meu único mapa
A utopia a minha religião

Não durmo mais aquele sono
Não sonho mais aquele pesadelo
Teu corpo é real agora que virou imaginação

Continuo sedento dos meus rios
Com saudade de saber dos risos Tigre e Eufrates

Onde guardam o fim do mundo?
Aquelas trombetas realmente dão samba?
Em que gaveta ainda sangram meus versos datilografados?

É perfeito demais para ser felicidade

Só na tristeza e no mal lhe conheço de perto
Defronte ao espelho sou agnóstico de mim

Por quantos anos você vai guardar as minhas cartas?
Ainda existiremos amanhã e ontem?
Em qual vida-láctea se perderam os meus anjos?
Será que alguém me dará carona pra cama esta noite?
Ainda existem laços apertados?
Vão injetar mais granadas nas minhas veias?

Silêncio.

Imaginei aquele Algo
E voltou a Chover
Poesia dos poros
Da criancividade



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