Falando de sentimentos

Data 05/12/2011 21:38:57 | Tópico: Textos -> Desilusão

Esta é, antes de mais, a crónica do desabafo. Sufocar sentimentos não é saudável, muito menos para quem, como eu, tem a sensibilidade à flor da pele, ou não tivesse nascido sob o choque do signo de peixes com o ascendente carneiro. Sei que esta mistura é explosiva e não sei, se por culpa da astrologia ou da minha inata personalidade, peco pela sinceridade e expontaneidade . Já em troca, perdi a conta das vezes em que intuí, por parte daqueles que me rodeiam, o despeito que, infelizmente, se caracteriza pelo silêncio de familiares e amigos, relativamente a coisas que para mim sabem ser verdadeiramente importantes, como o nascimento dos meus livros, por serem algo tão íntimo, que costumo contabilizar, um por um, como mais um “filho”, algo que gerámos e nos sai das entranhas.
Não estou a falar tanto de relações virtuais, ou talvez esteja, porque essas ainda nos dão algum alento e trazem muitas vezes as palavras certas, na hora exacta, para que não nos deixemos afundar no turbilhão das emoções nocivas à nossa sanidade mental e auto estima.
O que mais magoa são os amigos/ colegas, pior ainda, a família que deveria ser a primeira a apoiar e a regozijar-se com as nossas pequenas alegrias, mas, ao invés disso, remete-se para o silêncio do despeito, que eu apelido de desamor.
Sei que as ações são de quem as pratica, mas não terem um telefonema para nos fazer ou uma mensagem de estímulo e de consideração e não serem nunca capazes de dizer, li o que escreves e achei interessante, ou, simplesmente não gostei, é revelador da importância que temos nas suas vidas.
Agora que vem aí o Natal, o consumismo e o fazer de conta que somos todos muito unidos, com o mundo a morrer à fome, era bom que parássemos para pensar a razão porque não somos capazes de ficar felizes pelos nossos amigos, mas principalmente pelos nossos familiares, que por laços de sangue ou por afinidade, afinal fazem parte das nossas vidas.
Sempre gostei de ver os outros felizes e, sinceramente, estou farta de cinismo e egocentrismo.
Remeto-me à minha insignificância, com a consciência de que o despeito é o mais triste e mesquinho dos sentimentos e ainda há muito quem se alimente desse soro letal.
Basta, no entanto, um amigo de olhar amendoado que não se esquece de nós, para dizermos que vale a pena...



Maria Fernanda Reis Esteves
51 anos
natural: Setúbal



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=207748