Criação In Verbus

Data 09/12/2011 10:46:19 | Tópico: Poemas

Vejo-te em todos os rostos
Em todos os momentos
Em todos os poemas que escrevo
Em todos os centros
Que se movimentam
À roda do meu próprio centro

(Será que todos veem
A duplicar
A triplicar
A multiplicar?
Ou serei fonte ejaculativa
De tantas rimas terminadas em ar
Que nem consigo perceber que não dá para respirar)


Este ar poluído que me entra pelas narinas
Que me’entala
E estala
Despertando o olfacto
Encarcerando o gosto
Amolecendo a dor deste sentir
Que se confunde com o absorver
No imediato
Este suor morno
Que se espalha pelos corpos todos
Que eu conheço

Que confusão
Que baralhação
Este poema não servir para criar
Nada
Mesmo nada
A não ser uma dor aguda
Num qualquer poema do género - fêmea
Por não saber rimar
Quanto mais poetar

Não quero deixar de sentir este ar
Próximo do verbo ir
Para que se vá
Mas rindo
E escrevendo sem nada pedir

Há tantos tempos vendidos ao meu próprio sentir
Que há sentires que valem zero
Na medida exacta de verbo

Há na verdade um único Verbo que eu conheço
Que me fará ir...



(2010)



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