O lobo lúgubre no limbo

Data 17/01/2012 10:09:24 | Tópico: Poemas -> Desilusão





Pândego, a uivar para a lua,
após resfôlego sacrílego,
ai, eu era ele, o lobo, lobo lôbrego no limbo,
e era eu livre, ai, mas era lúgubre e tétrico.
Soturno, olhava para o céu só à noite,
estroina, eu era boêmio, com um olhar alegre,
sôfrego, ai dissipava sob a luz brilhante da lua.

Era eu ser tristonho, ser simbólico,
lôbrego lobo, lúdico no limbo,
lúgubre, triste e tétrico,
eu era ai, o lobo, ser ávido e voraz.
Um ser célere, ligeiro e presto,
aquele que andava na noite,
sob as estrelas cintilantes.
A criatura veloz, ente fugaz,
seguindo adiante, confiante,
sempre em delirante semblante.


Era eu aquele que andava na noite,
o sóbrio, ser sombrio e soturno,
o trôpego, pândego, o indivíduo sôfrego,
e corria distante, ululante.
Era um gigante dissonante,
mesmo um farsante negligente,
na jornada extenuante, solitária

Mas era livre das clausuras,
dissolutas, enlutadas, desgregadas,
era eu ai a noturna criatura, absoluta,
e corria nas noites escuras,
devastadas, sorumbáticas,
acompanhado de um raio
do luar que fulgurava.

Mas uma noite, sobreveio a captura!

Obscura era a agonia, a tortura
que satura a criatura,
que punge, penaliza, atormenta
com aflição e amargura.
Então já despido da ternura,
muita angústia e a aflição
na figura se aventura,
sou agora o que vive encafuado,
sou ser noturno, diabólico e bucólico,
enfurnado e ai afobado do tráfego.

E o coração do lobo no martírio,
no tormento da escura sepultura,
desterrado num agreste árido e assolado,
ficou no luto, como criança abandonada,
acabrunhado, tão perdido, desolado
e incapaz de lidar com a dor de um amor.










Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=211592