... como uma onda

Data 04/11/2007 19:38:18 | Tópico: Poemas -> Sombrios

Como uma onda
que se esconde no ventre poluto do mar
cerrou-se a porta num verde de seara de arroz.

No rio em frente
as fragatas já não aconteciam a ouvir o tangido
esfuziado dos restolhos,
nem tão pouco as labaredas eclodiam ansiedades
na ponta dos dedos negros e incertos,
ébrios da preia-mar, aportados ao cais das horas,
de rios por alentar!

Na caserna dos desertos a trombeta rouca
impôs o tempo de recolher.
... recolheu-se o beijo na saliva da boca.

Como uma onda,
acolhida na muralha de si, cavalgou-se sem esporas
na campina aberta.
Alcançou-se nua,
masturbou-se em palavras cruas e foi mulher.




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