AUTOFAGIA

Data 02/04/2012 03:28:23 | Tópico: Poemas

AUTOFAGIA

Não amo nada. Disse e repito.
Que sejam as rosas dadas aos românticos.
Deixem-me com o concreto, êmbolos e sais.

Esqueãm. Aqueles que chamei amigos
Se esqueçam deste que depõe a caneta
Dobra-se ao decúbito e esquece o mundo.

Passo indiferente pelas ruas
Sequer olhando para a lua
Que brilha nos olhos dos sensí­veis.

Meu coração é pura vastidão e silencio
Sol e algumas nuvens divertidas no deserto.
As artérias conduzem areia e sal pelo corpo.

Não me falem notí­cias! De que valerão?
Não cabe a mim mover o mundo
De nada valerá minha intervenção.

Deixem as rosas serem distribuí­das.
Não impeçaam a passagem de Moacyr
Nas boates do centro da cidade.

Apenas não as tragam para mim!
Não me tragam nada!
Não me hostilizem com essas nulidades!

Alijei-me do mundo.
Quero o balsâmico silencio
Para esquecer tudo

Esquecer das mortes, agoniação
Esquecer as alcatéias famintas
Vivendo em meu coração.

Esquecer que a cada dia que passo
Alimento a mim mesmo com
Nacadas autofágicas da minha emoção

Já repeti: não amo nada!
Apenas verto minha dor
No cálice que me embriaga.



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