Poemas : 

AUTOFAGIA

 
AUTOFAGIA

Não amo nada. Disse e repito.
Que sejam as rosas dadas aos românticos.
Deixem-me com o concreto, êmbolos e sais.

Esqueãm. Aqueles que chamei amigos
Se esqueçam deste que depõe a caneta
Dobra-se ao decúbito e esquece o mundo.

Passo indiferente pelas ruas
Sequer olhando para a lua
Que brilha nos olhos dos sensí­veis.

Meu coração é pura vastidão e silencio
Sol e algumas nuvens divertidas no deserto.
As artérias conduzem areia e sal pelo corpo.

Não me falem notí­cias! De que valerão?
Não cabe a mim mover o mundo
De nada valerá minha intervenção.

Deixem as rosas serem distribuí­das.
Não impeçaam a passagem de Moacyr
Nas boates do centro da cidade.

Apenas não as tragam para mim!
Não me tragam nada!
Não me hostilizem com essas nulidades!

Alijei-me do mundo.
Quero o balsâmico silencio
Para esquecer tudo

Esquecer das mortes, agoniação
Esquecer as alcatéias famintas
Vivendo em meu coração.

Esquecer que a cada dia que passo
Alimento a mim mesmo com
Nacadas autofágicas da minha emoção

Já repeti: não amo nada!
Apenas verto minha dor
No cálice que me embriaga.


Pax et lux

 
Autor
jgmoreira
Autor
 
Texto
Data
Leituras
917
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
1 pontos
1
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 02/04/2012 11:05  Atualizado: 02/04/2012 11:05
 Re: AUTOFAGIA
célula de um ser autogossomoando, essências carnais