[e quando soprares as minhas cinzas]

Data 02/04/2012 20:27:37 | Tópico: Poemas

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e quando soprares as minhas cinzas
que te deixo embrulhadas num poema,
peço-te que o faças na ilha dos corais que plantei.

Do poema:
“lança os restos de mim, alimentando o mar
que sempre fui,
que se afundem no areal,
que flutuem mais longe que o horizonte,
afinal,
sempre o quis conhecer”;

e quando abrires as gavetas,
guarda o lirio seco que sempre me acompanhou,
ou enterra-o no meio das searas,
talvez ele ressuscite como flor de imperatriz.

Do lírio:
“ do lírio que renasce depois de morto,
floriu fora do tempo que o secou,
adormeceu por entre folhas que um dia
foram alvas, como o clarão da aurora,
foi silêncio, sim,
foi o silêncio do que escrevi”;

pergunto-me porque te escrevo sobre a morte,
hoje,
porque não, se ela é tão presente,
como se quer ausente,

e no fumo do nevoeiro
em que se esconde esta tempestade,
desfazem-se as saudades, o amar,
ficam as primaveras que floriram antes do tempo,
ficam os longinquos horizontes que jamais se afundarão,
fica a ilha de corais que um dia plantei.



[O lírio seco que renasça nas cinzas que acompanhe os versos que jamais sairão das gavetas fechadas no tempo ou que enfeite as searas despenteadas pelo vento].

Sossega-me.




La Folie, dos irmãos Marx...

O Transversal
“La Folie, Lydia the Tattooed Lady, dos irmãos Marx,... das viagens, das estações do ano, das partidas e de alguns regressos...”



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