
Holocausto
Data 18/04/2012 20:56:24 | Tópico: Poemas
| Imagino o mar como um potencial destino dos deuses Imagino sim, um mar prostrado a seus pés Imagino como será esta força dominadora E imagino simplesmente que sou onda sem ter onde rebentar Respiro ainda, sim! Aspiro um ar denso, poluído que se entranha Nas entranhas todas do meu corpo Sou onda sem ter o que abraçar Sou maré sem ter onde se entregar Sou simplesmente um movimento aberto a todos Os que descem do farol mais antigo Sim, a torre mestra que suporta um céu maior Sim esse céu que foi mar e terra Sim, esse céu que foi sol e lua Sim, esse céu que foi o holocausto da humanidade E a fez calar Respiro ainda Sim, e aspiro um ar salgado moribundo e furibundo por não saber onde se afundar A extrema-unção dos vagabundos Que na noite serena me namora nos dias santos E me desflora nas noites errantes Caminho só agora e sou mar e onda e sol e lua e terra Sem poiso certo Suspensa na atmosfera densa A extrema-unção dos vagabundos É a chama acesa que incendeia os corpos lá fora Lá, onde não há chão onde descansar Lá, onde a vida cessa sem cessar Lá, onde os caminhos se cruzam e delambidas bocas se fecham sem se beijar Lá, há todo um corrimão de línguas afiadas prontas para me furar Lá, onde os monstros choram e as lágrimas correm para o mar
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