dos ventos

Data 10/05/2012 04:28:56 | Tópico: Poemas

.
.
.
.
.
.
.
.
.................................
**********************************



I

e quando tudo terminar onde ficarão as palavras,
terminarão elas também?

Quero-me mar, querer-me-ei então som em silêncio,
aquele que range a alma,
aquele que sempre me suspendeu

no precipicio do promontório um dia,
ou noite, já não sei.

E quando isso acontecer, [que me interessa o quando],
nem saberei colocar a mão sobre as letras em forma de orquìdea,
ou aquelas outras em cor de cereja,

então,

querer-me-ei despido de mim, que a carapaça apodreça.

II

Dos ventos,

que seja,

querer-me-ei vento, não brisa, vento
forte,

furacão que limpe as lágrimas que ainda resistem,
e mesmo que o mar as tenha todas recolhido,

libertar-me-ei destas pedras angulares
que nada já sustêm, nem pó.


As crianças serão então livres, como o fui em tempos,
e regresso ao principio, ao ventre,

ao mar calmo,

serei então eu.

[Finalmente].







...
[do ciclo dos ventos, das primaveras, de mim, talvez de ti]




Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=221755