[Finalmente]

Data 12/05/2012 02:34:46 | Tópico: Poemas

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(que o vulcão irrompa rápido...)


I

que se terminem as saudades, os rios, e
que o mar seja chão de terra,

que o silêncio seja buraco negro no meio de nenhures
onde a luz é um fio de linho sem cor.

Renascam novamente as orquideas, os cravos vermelhos,
e que as pétalas sejam doces como o mel,

os pássaros que encontrem poisos nas árvores perfumadas em ilhas escondidas pelo poente do sol.

Que o circulo termine em fogo de artificio,
jamais num breve fogo-fátuo,

e,

se a terra parar por um instante que seja,
que os deuses a rodopiem como o pião das crianças.


II

[Finalmente]
descansam os ventos alisios no sopé de uma montanha que pariu
o rio em dor,

ininterruptos os ecos que se repetem, estranha
a noite que não termina, mas que terá um fim,

reina um luar enevoado, adormecem as flores nos vasos,
na terra,
talvez cantem algures algumas sereias desapaixonadamente,
e os olhares fixam outros olhares mais perto,

partirei, sim, partirei
com a primeira maré do amanhecer.

[Que seja finalmente, que seja, que se cumpra o ciclo dos ventos, das primaveras, de mim, talvez de ti meu amor, jamais o saberei, que o vulcão irrompa, finalmente].




...
[do fim do ciclo dos ventos, das primaveras, de mim, talvez de ti]




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