Alta estrada

Data 23/05/2012 12:56:39 | Tópico: Poemas

Como quem encontra
a saída da cripta,
cresço no fogo e no ar,
forjando o tempo,
no tempo onde o tempo tinha tempo
de esculpir e encarnar
o que antes
cuspia e escarrava,
até que fossem expulsos da garganta
os resquícios mais mundanos.

Respiro fundo e por um instante
sinto fortes pulsações
na fração suspensa do tempo parado.

Meus devaneios são protegidos por uma cortina de pó
no exato instante em que
toda a literatura do mundo
parece um pé na estrada
ou um uivo distante.

Na dúvida, botei um disco de Bob Dylan
para atrair as madalenas do deserto.


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