[ … e quando me morro contorce-se o cansaço

Data 01/07/2012 03:36:32 | Tópico: Poemas

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e quando me morro contorce-se o cansaço
Que se encabrita pela pele já gasta.
E morro-me tantas vezes como as ondas do mar.

E morro-me tantas vezes longe da terra
Que sangra desnudada dos queixumes
Deixados pelo grito meu, esquecido no meio das searas.

Fulgem repentinas tempestades que se acalmam,
Quando ressurge o fugidiço poente pela proa,
Regressam os recantos que ainda sobrevivem.
Agonizantes.

Morro-me assim, tantas são as vezes,
Quão longe estou das orquídeas tuas.

Quanto mais perto do mar estou, mais longe de ti sou,
Assim me morro. Pudesse eu morrer-me de vez.

O coração?

Adiei-o.





experimental, palavras rabiscadas numa Moleskine com prazo de validade.


“Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meugrito de libertação

Não posso adiar o coração”

(António Ramos Rosa)


fugidiço (fugido + -iço) 
adj.
1. Acostumado a fugir. = FUGITIVO
2. Que se desvanece, que se some rapidamente. = ARISCO, ESQUIVO




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