Sodoma e Gomorra
Data 10/07/2012 06:51:37 | Tópico: Poemas
| Um escritor escreve. Assim como um assassino assassina. Às vezes frio. Às vezes morno. Algumas vezes quente. Ou louco. Um escritor escreve com arma de fogo. E mata apenas a si mesmo. Mata o instante. O invisível.
O poeta sente a dor da morte. A dor da dor. A dor do tempo. O odor da vida, e dos sentimentos. E as mulheres dançam nos seus sonhos.
Mas as lágrimas, que às vezes querem passar pelos olhos, estão presas. Cárcere privado. Do poeta. Se pudessem sair, revelariam as barbáries, e torturas que elas sofrem lá dentro. E o poeta administrativo nunca a deixa sair.
Aquele peso escondido sob sua pele, sob seus ombros, abate a letra. A escrita. E mesmo assim. Mesmo com essa pobreza de espírito. Esse podre homem é rei. Rei sob seu domínio. Escárnio subversivo. A coroa de ossos é dada ao cego que vela sua alma, na vala. Nos muros criados ao seu redor: “Sodoma e Gomorra” é seu poema.
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