
gosto de coisas simples
Data 13/07/2012 10:58:01 | Tópico: Poemas -> Saudade
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GOSTO DE COISAS SIMPLES
Gosto de coisas simples Simples e belas! Gosto dos raios do sol que me entram pelas janelas. e de ver os pinheiros a crescer debaixo delas.
Gosto das flores silvestres De velas de pavio aceso Gosto dos montes agrestes E das capelas onde rezo Gosto de acácias em flor Da calma das noites serenas Amo tudo com o mesmo amor, Coisas simples e pequenas.
Gosto de cantar à roda da fogueira Gosto da chuva lá fora, Gosto da lenha a crepitar Do gato a ronronar à minha beira. Das conversas à lareira.
E sempre que Deus queira me hei-de lembrar, das coisas simples da aldeia da avó fazendo meia do moinho rodando a mó do milho ficando em pó da colcha velha na relva a corar, do cloreto pra branquear do duche tomado no rio do avô que partiu no navio.
Gosto das coisas simples, talvez porque simples Deus me fez, gosto do naperon sobre a mesa da jarra de flores amarelas gosto da natureza, em tudo encontro beleza gosto de cortinas nas janelas, gosto de ouvir os galos cantar duma concertina a tocar gosto até dum arraial Há gente que acha tudo isto banal! Talvez eu tenha enlouquecido mas tudo isto me é querido.
Gosto do sino da torre da igreja e gosto das sombras por onde leio as horas, gosto daquela amiga que me beija, que encontro quando apanho as amoras, Gosto dos telhados com pardais gosto do mistério que traz o anoitecer gosto por demais das fotografias nas molduras de relembrar as rapaduras, nada morre na lembrança nada passa dos meus sentidos nem a presença da morte e os gemidos tudo recordo de criança.
Por isso gosto de coisas simples, como estes versos ainda que não gostem deles, não me deixo entristecer, podem ser controversos que me importa? Se é a minha maneira de ser! E quando de todo enlouquecer, ainda assim de coisas simples vou gostar vou ficar silenciosa na minha rua vou estar atenta ao chegar da lua e vou fazer rimas com amor como um bom trovador.
E meus sonhos hão-de vir pé ante pé pois sou senhora de fé que assim há-de acontecer! Vou sonhar com o rio e os salgueiros com os laranjais e os cheiros do pão no forno a cozer... e depois os meus olhos ainda hão-de ver a madrugada a romper e hei-de fazer versos e mais versos até os dedos ficarem com sono, até ser de novo outono onde meu coração ferido seja um ramo de árvore despido.
Ainda assim estarei viva para escrever, coisas simples é bom de ver, e para fazer amor assim simples como simples são as coisas da vida. da vida...por mim vivida!
natalia nuno rosafogo
Ao ler meus escritos antigos dei com esta poesia escrita em 2001, singela, mas falando de quase uma vida.
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