[ … por vezes não sinto o que sinto

Data 21/07/2012 03:51:04 | Tópico: Poemas

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por vezes não sinto o que sinto,
tento esquecer-me.
Esperguiço-me num mar chão, ondula-se o corpo
que voga pela mansa maré,

como se para sentir tivesse de saber, ser,
ser-me-ei apenas, tão longe tantas as vezes de mim,
ser-te-às assim, tão perto tantas as vezes foste de mim.

Quando o nosso sangue estremecia,
e o grito trespassava as paredes amarelecidas pelo sol de verão,
um corpo único metamorfoseado
renascia da promessa, da saudade,
das despedidas que sangravam pelo outono,

[… verão mar, outono terra …]

Que eu me esqueça da poesia que nos cobria,
que eu me esqueça de sentir o que sentia então,
que seja profecia também,

mas,

que no final da rota inversa que seguimos,
as mãos se voltem a tocar, sem tempo,

[… mar terra …].









experimental, palavras rabiscadas numa Moleskine com prazo de validade.

Sinto o que sinto...

“Breve Sonata em Sol [UM (Menor, Claro)”

“A solidão da árvore sozinha 
no campo do verão alentejano 
é só mais solitária do que a minha 
e teima ali na terra todo o ano 
quando nem chuva ou vento já lhe fazem companhia 
e o calor é tão triste como o é somente a alegria 
Eu passo e passo muito mais que o próprio dia.”
(Ruy Belo)

no dia da morte de José Hermano Saraiva, meu professor no Liceu Gil Vicente, Lisboa. “foi exctamente aqui que...”



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