
[Ouço os uivos do mar]
Data 27/08/2012 02:57:46 | Tópico: Poemas
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Ouço os uivos do mar enquanto expulsa prantos desassossegados,
arroja-os pelas margens exaustas de aljôfares permanentes, vagueio-me sem noite, sem dia,
querendo perder-me nesta terra de outrém.
Acrescentam-me as lembranças que vogam por mares desconhecidos, quão brilhantes como o arco-iris que avisto,
e das vezes que a minha visão te anseia pudesse eu abreviar-me dos sibilinos sonhares.
Mores as ventanias que assolam o verso, despindo as palavras já nuas como as figueiras pelo encrespado final de outono, e das minhas mãos brotam imagens que as nuvens dispersam nenhures.
Apenas saberei das ondas que abraçaste, apenas saberei do barco que aportou algures,
numa outra viagem.
[Ouço os uivos do mar, senti-los-ei pelos areais desertos, um dia só nossos, em desassossegos].
[Ouço então os uivos do mar, desassossegadamente, senti-los-ás quando as portas se entreabrirem].
“Ds manhãs Apenas levarei a tua voz Despovoada Sem promessas sem barcos E sem casas
Não levarei o orvalho das ameias Não levarei o pulso das ramadas
Da tua voz Levarei os sítios das mimosas Apenas os sítios das mimosas
As pedras As nuvens O teu canto
Levarei manhãs E madrugadas”
(“As manhãs” Daniel Faria)
“- Na verdade vos digo, os pássaros que morrem caem no céu e as cinzas de Maria Callas vogam pelo mar Egeu.” do ciclo uma sílfide adormeceu no leito de uma orquídea branca.
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