É de outono que me vou vestindo

Data 16/10/2012 08:15:13 | Tópico: Poemas

É de outono que me vou vestindo.
As memórias, velhas fotografias
Em que os nitratos de prata vão cedendo ao tempo
E aos pouco caducas e castanhas
Essas memórias vão esvoaçando
Para além de mim.
A pele enruga-se no acetinado dos cogumelos
Que brotam silenciosos
E depois desmerecem -
Deste modo sinto o meu sexo.
Desalento o desejo
E espero que as chuvas outonais
Levem nas águas furiosas dos rios renascidos
O meu deleite.
Sei,
Sou apenas o uivo de um lobo
A tartamelear as xácaras do tempo.
Escuto os sons da floresta
Nesta manhã de orvalhada,
Os meus pés desvendam
Os murmúrios das folhas secas,
No meu caminhar na direcção do inverno.



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