Avô Amaro

Data 16/10/2012 13:23:07 | Tópico: Poemas

Avô Amaro
(1877-1955)
Sentava-se o avô no cantinho da sala,
a sós, silencioso, a meditar,
as mãos esguias pousadas na bengala,
o rosto sério e perdido o olhar…

Que pensava o avô, que sonhava afinal,
naqueles fins de tarde de soturno novembro?
Eu ia ter com ele e lia-lhe o jornal,
e ele me escutava feliz, de riso terno…

De quando em vez uma gota ligeira
Deslizava serena no seu gosto sardento:
«Que saudades que tenho da minha companheira!
Que saudades sem fim, eu tenho de outro tempo!»

Eu ouvia o avô e o avô sorria
sentado calmamente no cantinho da sala,
escutava o que eu lia e tudo comentava.

O avô foi embora numa tarde tão fria;
Deixou a recordá-lo a velhinha bengala
e a cadeira vazia onde ele se sentava.

Maria Helena Amaro
Dia dos Avós outubro, 2008
Publicado no jornal “Diário do Minho” em julho de 2009



Nota: O Dia dos Avós festeja-se no dia 26 de julho

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