Poemas : 

Avô Amaro

 
Avô Amaro
(1877-1955)
Sentava-se o avô no cantinho da sala,
a sós, silencioso, a meditar,
as mãos esguias pousadas na bengala,
o rosto sério e perdido o olhar…

Que pensava o avô, que sonhava afinal,
naqueles fins de tarde de soturno novembro?
Eu ia ter com ele e lia-lhe o jornal,
e ele me escutava feliz, de riso terno…

De quando em vez uma gota ligeira
Deslizava serena no seu gosto sardento:
«Que saudades que tenho da minha companheira!
Que saudades sem fim, eu tenho de outro tempo!»

Eu ouvia o avô e o avô sorria
sentado calmamente no cantinho da sala,
escutava o que eu lia e tudo comentava.

O avô foi embora numa tarde tão fria;
Deixou a recordá-lo a velhinha bengala
e a cadeira vazia onde ele se sentava.

Maria Helena Amaro
Dia dos Avós outubro, 2008
Publicado no jornal “Diário do Minho” em julho de 2009



Nota: O Dia dos Avós festeja-se no dia 26 de julho

http://mariahelenaamaro.blogspot.pt/2012/10/avo-amaro.html
 
Autor
amacsequeira
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 17/10/2012 10:37  Atualizado: 17/10/2012 10:37
 Re: Avô Amaro
Lindo seu poema. Lembrou-me de uma cadeira
que meu pai costumava sentar na area de casa,
e que ficou muito vazia quando ele se foi...
Linda sua descricao, e seu sentimento.
Avos deveriam ser PARA SEMPRE.
Beijos
~Mary~