Insulto
Data 18/11/2012 17:44:39 | Tópico: Poemas
| Naquele canto de cidade, Confusa feito ambição proletária, Caminhava entre a overdose e um coração partido.
Tinha manchas de sangue na jaqueta. Seus olhos vermelhos, talvez de sono, Projetavam cenas de Almodovar Para deleite de vagabundos que morriam em silêncio.
Seus passos lentos, Contrapondo-se as máquinas de ponto, Perdiam-se no movediço asfalto Feito de gritos e sorrisos amputados.
Seu corpo era uma forma de insulto. Seus lábios, aromatizados por maconha e sexo descartável, Cuspiam os últimos versos do apocalipse, Enquanto cães uivavam nos terreiros católicos.
Mesmo cansada, agredia o vento, Imprimindo desgosto aos que desconheciam sua existência, Àqueles que baixavam seus chapéus à sua presença Subversivamente viva frente a seus óculos falsificados.
De repente, fez-se noite, E todas as teorias emudeceram. Arremessada junto à parede, Atingida por um sonho desgovernado, Ossos quebrando-se em histérica euforia, Moléstias esfregando-se em bacanais, Tocou seu sexo e arremessou, liberta, Seu suspiro lapidar ao mundo que lhe perdia: “Vão todos a puta que os pariu!” À Charles Bukowski.
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