
Riscos da memória
Data 01/12/2012 23:01:08 | Tópico: Poemas
| Vi o rigor da memória No traço ténue das sombras
Uma lembrança inconstante, a parede esboroada Cal de tempos já distantes a acusar cicatrizes Sonhos ainda em dormência na casa já acordada E o sol cru em incidências amanhecendo matizes Afiguram-me da vida esboços de nitidez Que eu ainda menina li no tempo que me fez Ver o rigor da memória no traço ténue das sombras..
E vi rostos, vi caminhos, feitos não sei por que mão Traços grossos, traços finos, sinais de chuvas intrusas Desenhando voos livres na minha imaginação Capaz de ver fino arbítrio em linhas mais que confusas. Por entre as rendas de bilros da barra do meu lençol Explorei ao som de chilros as andanças desse sol Vendo o rigor da memória no traço ténue das sombras.
A esta distância agora, em viagem receada Pergunto-me se ainda chora a parede do meu quarto Se as taipas já despiram os restos de cal gravada Com desenhos que dormiram comigo o sono mais grato E sulcos que me iludiam cenas de um beijo de filme Nessa luz que sempre iria continuar a distrair-me: Há um rigor de memória no traço ténue das sombras.
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