Cíclico

Data 27/02/2013 22:21:23 | Tópico: Poemas -> Amor

Sinto o cheiro incandescente do teu seio
A me embriagar.
Desfigurando a destreza do meu ego
Em manipular.
Esvaindo meu orgulho cego
Ao me dobrar.

Sigo, então, sem ter forças contra o seu elo
Ao acarinhar.
Dedicando meu esforço e meu credo
Pra te eternizar.
Te apertando forte contra o peito
Pra te confortar.
E de graça alterando a ordem do desejo
Esperando você chegar.

E o sol nasce, e a terra gira
A me elucidar,
De que o apego a louca mentira
De te eternizar
Mantém-me na rotina
De canonizar
O desejo delinqüente do meu "eu"
A me sufocar.

E no luto deste tédio ritmado
Quebro ao gosto desvairado do pecado
A máscara do normal e aceitável.

Encarrego-me das ferramentas da Reforma

E miro o martelo e o prego
A te crucificar.
Deito por terra
Meu suor e meu credo
Pra te batizar
No sangue pisado do nosso castelo
A desmoronar.
Entregando nosso espírito e elo
Pra te santificar.

E após o choro e a carnificina,
Vendo teu rosto pálido
E sôfrego de menina
A me contemplar,
Arranco tua armadura de mulher pra te ressuscitar.

E sinto novamente o cheiro incandescente do teu seio
A me embriagar...



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