Todo o poeta é um egoísta quando morre imagina todo o mundo a chorar por ele para ele voltar à Terra imagina ele , todo o mundo lendo as suas poesias como se ler matasse a fome de pão como se ler salvasse os pobres de condição ou como se escrever tornasse imortal a videira do meu quintal quando eu morrer o mais que poderá acontecer será o infinitivo do verbo esquecer ! todo o poeta é um egoísta queria ele que a mulher sofresse a solidão de todos os tempos para se consolar e poder afirmar a minha querida é minha mesmo depois da vida ! quanta presunção habita no estranho coração do poeta que pode ou não ser como se na Terra não houvesse mais nada para fazer
Luiz Sommerville Junior
* Imagem da pintura Narciso de John William Waterhouse