,sem sementes de papoulas nas mãos

Data 18/03/2013 21:06:24 | Tópico: Poemas

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,nascem pelo poente as cerejeiras despidas,
rejuvenesça-se a cor,
e o vento sopra de longe, escapa-se assim,

por entre os dedos sem vestígios.

(I)

,veste-te nesses gestos tão repetidos,
afinal, chove breve,
por um instante pensei nos sonhos despedidos,

partidos, rasgados pelas noites escuras,
sem sementes de papoulas nas mãos,
escuridões intempestivas,

haja boca que resista ao trago rápido do vinho.

,algumas vezes deixo-me morrer sem os cheiros
conhecidos pelas tardes que antecedem o crepúsculo,
por vezes sei das ausências surdas, símiles
aos pássaros em bandos escurecendo céus,

enquanto trompetas atordoam ecos que se revoltam,
entrincheirando palavras há tanto hibernadas, cacofônicas.

(II)

,sabes, quisera um dia salvações inúteis,
pela estrada que começou lá atrás, sem curvas,
vontades, um fim,

e levitei-te, e inventei-te,
quisera apenas caminhar os teus caminhos,

olha as margens, por onde a rouquidão repete os triviais
passos em volta.

,volto-me, sim.

(III)

,[regresso-me, rasga-me em silêncio].





Segundo a mitologia grega o Deus Hipnos era simbolizado por um menino alado com sementes de papoulas nas mãos, significa o sono. O que é interessante é que Hipnos tinha um irmão gêmeo Tanatos, que significa filho da noite e da escuridão, a morte.




Textos de Francisco Duarte



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