adniílo

Data 24/03/2013 03:59:39 | Tópico: Textos





fez de si mesmo uma mentira, expôs-se em retalhos de aço; no entanto, estava ele enclausurado entre grades e bolhas de sabão.

preso, sim, e sabia por quê.

acusado pelo assassínio de um coração.

culpado.

carrasco da própria sorte,
lançou-se egoisticamente à cruz.
não esperava piedades, embora parecesse:
seu choro aumentava pouco antes de ser enxugado pela própria garganta.

era uma pessoa má: entregue em vestais mas, ainda assim, má.

entre cuspes e gritos e dedos em riste,
em meio à vaias e caias e palavrões,
imerso em suas dores dos outros,

esperava apenas que
o esquecimento passasse por ali.
nota sobre o porquê de não responder comentários:

de uns tempos pra cá, as palavras, que um dia me saltavam facilmente na hora de responder os que se dispunham a dizer, a opinar, algo em meus textos, não me vêm mais. em resumo: não sei o que dizer. a maioria dos comentários, elogios ao texto, críticas ao texto, adormecem minhas palavras. agradeço em silêncio.

já me disseram que a não-resposta aos comentários poderia parecer nariz-em-peísta, mas eu, que nunca fui assim, não me atrevi a aceitar tal capa à minha atitude de omissão. não é por nada além de respeito aos que dão parte de seu tempo à leitura do que escrevo, ao comentário sobre o que escrevo, que vim nesta madrugada de cafés e cigarros verificar o erro de possíveis pensamentos em acordo com o que foi dito sobre a parecência da minha ação por omissão com a atitude dos lordes mudos de palavras.

de minha parte, continuo sem saber o porquê de publicar o que escrevo. não faço a mínima idéia, por mais banco de faculdade que tenha temporariamente alisado, por mais citações em verso que me surjam à mente, a agonia da interrogação permanece.

mas, entre as minhas dúvidas eternas, eis que há em mim uma sábia resposta à pergunta "por que escrevo?". bem perguntada por mim mesmo, bem respondida através da janela escancarada do óbvio:
- escrevo porque sim.




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