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adniílo

 
Tags:  reciclagem  
 




fez de si mesmo uma mentira, expôs-se em retalhos de aço; no entanto, estava ele enclausurado entre grades e bolhas de sabão.

preso, sim, e sabia por quê.

acusado pelo assassínio de um coração.

culpado.

carrasco da própria sorte,
lançou-se egoisticamente à cruz.
não esperava piedades, embora parecesse:
seu choro aumentava pouco antes de ser enxugado pela própria garganta.

era uma pessoa má: entregue em vestais mas, ainda assim, má.

entre cuspes e gritos e dedos em riste,
em meio à vaias e caias e palavrões,
imerso em suas dores dos outros,

esperava apenas que
o esquecimento passasse por ali.


alguns anos de solidão - blogue

"ah, meu deus do céu, vá ser sério assim no inferno!"
- Tom Zé


nota sobre o porquê de não responder comentários:

de uns tempos pra cá, as palavras, que um dia me saltavam facilmente na hora de responder os que se dispunham a dizer, a opinar, algo em meus textos, não me vêm mais. em resumo: não sei o que dizer. a maioria dos comentários, elogios ao texto, críticas ao texto, adormecem minhas palavras. agradeço em silêncio.

já me disseram que a não-resposta aos comentários poderia parecer nariz-em-peísta, mas eu, que nunca fui assim, não me atrevi a aceitar tal capa à minha atitude de omissão. não é por nada além de respeito aos que dão parte de seu tempo à leitura do que escrevo, ao comentário sobre o que escrevo, que vim nesta madrugada de cafés e cigarros verificar o erro de possíveis pensamentos em acordo com o que foi dito sobre a parecência da minha ação por omissão com a atitude dos lordes mudos de palavras.

de minha parte, continuo sem saber o porquê de publicar o que escrevo. não faço a mínima idéia, por mais banco de faculdade que tenha temporariamente alisado, por mais citações em verso que me surjam à mente, a agonia da interrogação permanece.

mas, entre as minhas dúvidas eternas, eis que há em mim uma sábia resposta à pergunta "por que escrevo?". bem perguntada por mim mesmo, bem respondida através da janela escancarada do óbvio:
- escrevo porque sim.
 
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Enviado por Tópico
GELComposicoes
Publicado: 24/03/2013 05:05  Atualizado: 24/03/2013 05:06
Membro de honra
Usuário desde: 04/02/2013
Localidade: Uberlândia - MG - Brasil
Mensagens: 2314
 Re: adniílo
Pra falar a verdade, com relação ao que colocou abaixo, tem muito gente aqui que eu acabo lendo "quietinho". Confesso que você é uma dessas pessoas. Já li muitos textos seus (e li mesmo, posso até lembrar algumas coisas aqui, como o conto do cara e a borboleta. Tinha pensado até em brincar e dizer que já vi casos com éguas, galinhas, porquinhas; mas borboletas nunca. Do cigarro. "E é poesias pra todo o lado" com solavanco ônibus...)
Dessa vez resolvi comentar e não é "rasgação de seda" não. Gosto do jeito que você escreve: de uma forma relativamente simples, direta e muito bela (sou fã do Quintana). Mas pra continuar sendo sincero, a impressão não é de nariz empinado não. Eu diria um tanto arredio. Talvez por isso o receio em comentar.
Por outro lado, também não gosto muito de ficar procurando o que dizer. Muitas pessoas vão comentar e acabam quase que reexplicando o que o cara escreveu. Não vejo necessidade disto. Prefiro dizer simplesmente o que eu acho: "Gostei", "Lindo", etc... Quando não gosto eu não digo nada, simplesmente não comento. Lembrando que, pelo menos no que eu li seu até então, não foi esse o caso por não ter comentado.
Abração.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 24/03/2013 13:46  Atualizado: 24/03/2013 13:46
 Re: adniílo
Faz parte, muitas vezes assassinamos corações à queima roupa, porém, acho que o mais triste é quando não nos importamos com o que o outro sente. Mas se nos abate uma certa culpa, é porque temos o nosso lado humano e sensível, mas não podemos sair por aí fazendo certas caridades:) Gostei do que li, parabéns!


abraços