Choves

Data 26/03/2013 21:08:39 | Tópico: Poemas

CHOVES

Finalmente choves

Sem dó nem piedade
Entranhas-te-me na pele
Choves-me de verdade
Sou apenas feito de papel

Finalmente choves

Não há para onde fugir
Um verbo para me abrigar
Choves-me no que há-de vir
Não tenho mãos para me tapar

Finalmente choves

Alegra-me e mata-me isso
Desconhecido amante ou ópio
Uma espécie de amor ou viço
Coração visto ao estetoscópio

Finalmente choves

E eu quase não dei por ela
Mulher maior que a chuva
Estreito sentir de uma viela
Num calor frenético de vulva

Finalmente choves
E eu choro


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