CHOVES
Finalmente choves
Sem dó nem piedade
Entranhas-te-me na pele
Choves-me de verdade
Sou apenas feito de papel
Finalmente choves
Não há para onde fugir
Um verbo para me abrigar
Choves-me no que há-de vir
Não tenho mãos para me tapar
Finalmente choves
Alegra-me e mata-me isso
Desconhecido amante ou ópio
Uma espécie de amor ou viço
Coração visto ao estetoscópio
Finalmente choves
E eu quase não dei por ela
Mulher maior que a chuva
Estreito sentir de uma viela
Num calor frenético de vulva
Finalmente choves
E eu choro
O meu verdadeiro nome é José Ilídio Torres. É com ele que assino os meus livros.
Já publiquei 12 obras em géneros diversos: crónica, romance, conto e poesia.
Foi em 2007, aqui no Luso, que mostrei pela primeira vez.