,e repetirás

Data 13/04/2013 04:22:08 | Tópico: Poemas

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,se todos os amanhãs regressarem pelo poente
,como o som de um violino já rouco?

(I)

,quantas vezes me entediou a palavra escrita,

,adormecida, como um amar já gasto?
de que me interessa o amar, ou
se a primavera ressuscita, nas águas tantas de abril?

,fugas apenas das tuas mãos, dirás,
do gargalo estreito que me impede o afogamento
desejado,

das procelas cobrindo faróis descoloridos,
,e repetirás,
os naufrágios da minha alma, ou do silêncio,

ou esses lilases que nascem numa terra já morta.

(II)

,esqueço-me do cigarro que me queima os dedos,
insensíveis de tão amarelados,
dos areais sem esconderijos, da memória
que vai morrendo desgastada.

,se as nuvens em granizo, sem benevolências, aparecerem,
apagando os santelmos, já gastos
pelo salso mar,
pequenas as chamas,

esconder-me-ei pelas vertentes, e depois,

calar-me-ei,

[revelando-te os passos em volta que me acordam pelas noites em escarpas],
repetiremos?






«Abril é o mais cruel dos meses, gerando
Lilases na terra morta, misturando
A memória e o desejo, atiçando
... Raízes inertes com a chuva da primavera.”
( T. S. Eliot “The Waste Land”)




Textos de Francisco Duarte



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