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 IMAGINÁRIO DE UM VENTO APRESSADOData 20/04/2013 18:35:27 | Tópico: Poemas -> Reflexão
 
 |  | A folha caiu como caem os corpos no imaginário A fome e a fé se cruzaram dando morte à serenidade
 Corpo em chama escala a pedra, alma incandescente
 O mundo olha, o rei ordena e tudo é desalento
 Até seu Deus, seu Santo, que nunca foi adorado
 Se fez sem história e naquela estrada acordado
 Fugiu das balas, dos corvos e do frio ao relento
 Comeu do pão, bebeu do sangue e da aguardente
 Cada dia mais osso, mais puro e só todo fragilidade
 Descendo aos céus, longe do sal se sentiu sedentário
 
 Todo homem acredita na procissão e se faz solidário
 Passo a passo, calo a calo, busca no frio da humanidade
 O amplo sentido da vida e tudo morrer serenamente
 Desencanto que ordena os tempos, louco tormento
 Cria o filho na lida do barro e no sol fica morenado
 Nesta fuga louca e sem fim pelo monte ondulado
 Vai fazendo da glória o fracasso e da busca o talento
 No desespero da cruz numa oração final e fé decrescente
 Na alma suja de um inferno certo e pouca nodosidade
 Sentando num canto a vida tece um louco solitário
 
 Naquele continente se fez a procissão rumo ao calvário
 Enquanto a pia guardava a água e toda a cristalinidade
 Do canto pediram a Deus que tudo não fosse inutilmente
 Sem oração se contentaram todos num louco lamento
 Que por não saber regar se embriaga e morre abraçado
 Sem filosofia e sem sentido e no silêncio cala o cansado
 Rasga sua dor na procura do seu ser e do seu Invento
 Nem quantas almas tinha e nas sábias buscas nesciamente
 De que era a fé que antes de ver sabia da miserabilidade
 De quem eram as lágrimas que salgaram a alma do corsário
 
 Vento apressado, sem lá pra onde, carrega a alma do ordinário
 Sem saber por que amar, amou na mais virgem impuridade
 Sem saber por que crescer, cresceu seguindo o adolescente
 Sentia uma saudade esfarelada que dói como a dor pura do sedento
 Aprendeu olhar ao longe e não se ver o perto e andar atordoado
 Da lua aprendeu a luz, do sol o calor e dos corpos ser enamorado
 Sem o medo de ter atitude e no mais frio dos mundos cruel rebento
 E as palavras rolaram das montanhas vivas e frias do continente
 Que nada, que tudo, sem hora e atrevido na mais pura felicidade
 Por ser só nunca foi dois, morreu e renasceu puro somente imaginário
 
 
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