Jardim de Cipreste
Data 17/06/2013 18:32:02 | Tópico: Crónicas
| A morte é a ausência mais presente em nossas vidas Dizem que a morte é ausência de tudo Ausência da dor, do sentimento, do pulsar do coração, do sangue corrente nas veias, levando à mente, energia e a força do pensamento Grande mentira! Engano atroz, que ousam me fazer acreditar Quando a morte chega, chega arrematando tudo pela frente, como em um grande leilão, onde tudo é vendido em lotes, especificados em gêneros e em ordem Engano atroz! pois, fica em nós impregnado como nó cego, possíveis de desatar, e nos laçar num mar de dor e saudade Repentinamente somos atirados, estraçalhados contra a parede, pisados sugados, no mais íntimo de nosso ser, e de nossa emoção Aquele que morre, apenas adormece, num sono profundo e seu leito é um jardim cercado por ciprestes Segue seu caminho sozinho, sem pressa, sem bagagem, sem passagem de retorno A morte real é para quem fica, quem aqui permanece Ela é como um abraço forte de despedida, aquele que parte, abraça, se desvencilha e corre para sua nova vida Quem fica, abraça forte, e jamais se desvencilha, segura com seus braços e busca nesse ato, manter vivo o calor daquele que parte Quem fica, fica com esse abraço, que o acompanhará passo a passo, seja quaisquer horas do dia e da noite Faz da luz do sol, a escuridão da noite Da luz do luar, apenas uma pequena chama Do sorriso um traço curto e escondido Do choro engolido, comprimido no peito, apenas um arfar lento Ainda que se tente viver, ou melhor, "tentar viver", "tentar continuar"! Apenas se faz de desentendido, pois os sentimentos todos comprometidos, são apenas um senão Onde viver é um morrer a cada dia Onde morrer é um viver sem viver É esse abraço forte que só a morte abraça devagarinho, que faz a vida fugir de mansinho, sem carinho, apenas sabemos que se esvai.
Fadinha de Luz
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