O Portão da Infância

Data 26/07/2013 18:58:23 | Tópico: Poemas

.Saudades do bolo de laranja, do doce de figo, do queijo do sítio, da polenta, do frítuli, do inhoque, da macarronada, do arroz, de quando ela dizia para o Nono: Narandola!.... das risadas, da cortina da cozinha, da alegria simples, da italianada reunida e do sofá que se abria para dormir, dos ensaios da quadrilha, da sonata vermelha...da máquina de costura, das férias inesquecíveis e de tudo o que eu aprendi com o Nono e a Nona, nesta casa. Por onde for meu coração, eles estarão comigo sempre.
Ainda me lembro, quando íamos embora,eu olhando para trás, de dentro do carro se distanciando, o Nono com as duas mãos no rosto chorando ao lado deste portão da minha infância, jamais vou me esquecer deste momento, porque marcou demais esta minha existência.
Depois de 10 anos, eu retornei a casa deles e tentei descrever em palavras um pouco do que senti. Naquele momento não conseguia falar...a saudade vive em nós...

Quando abri aquele velho portão,
minha infância feliz saiu correndo,
pro quintal antigo do meu coração
meus braços foram pro céu se erguendo.

Via-me ainda menina pequena, indo
de encontro com minha eterna saudade
deixada ali, no mesmo lugar sorrindo,
minha Nona dizendo: - Que barbaridade!

Minhas lágrimas queriam dizer:
- Eu voltei para o mesmo lugar,
que um dia eu deixei de ver,
onde eu aprendi o sentido de brincar.

Onde a inocência tomava banho
no tanque quadrado do quintal,
depois de sujar meu cabelo castanho
com os bolinhos de terra do lamaçal.

Onde a curiosidade morava no porão
repleto de coisas antigas e passados,
que viravam brinquedos pelo chão,
enquanto imaginar eram voos alados.

Eu voltei para rever o que eu amei
e jamais vou conseguir esquecer,
porque, no meu íntimo, eu sei
minha infância aqui irá permanecer.





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