
senti-lo-à o tejo pelas partidas
Data 27/07/2013 20:14:26 | Tópico: Poemas
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É pelas alvoradas adormecidas que me ausento, ausências sem destino,
senti-lo-à o tejo pelas partidas, relembra-me.
E, os atlantes que deveriam sustentar um céu de escuridões, ouvem os sons das lágrimas, tocando o seco areal que as marés cobrirão, algures,
sem nexo, sem mores esperanças que um dia, algum dia, as tágides voltem a cantar aos que regressam, regressa-me.
Saber-me-ei longe de tão longe, como as aves que migram buscando os equinócios, apenas um que seja,
apenas um que me aqueça e me farte em redemoinhos aos pavores dos ventos, que calam os cometas, cala-me.
Silêncios.
Ruem sonhos, num rorejar farto pelo salso mar em azul, e,
mais longe ainda, algumas improváveis tempestades desabrigam-se pelo branco das janelas onde se pintam as tuas orquídeas, desabriga-me apenas por esta noite,
deixa-me ser o verso que treme.
Pudesse eu ser.
(Ricardo Pocinho)
“... senti-lo-há o Nilo Pode-lo-há o Indo ver, e o Gange ouvi-lo” (Camões “Os Lusíadas” canto XXXIII)
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