Inópia

Data 10/09/2013 10:03:19 | Tópico: Poemas



A boca demoníaca do caos vomita
rebentos de enxofre;
tombam homens sobre o sexo, à procura
da ambiguidade entre os joelhos,
a cólera espalha-se
como uma praga de gafanhotos
aninhados em fileira,
os jardins de trigo já não produzem
centeio, o sol já não nasce à mesma hora.

Amanhece, o relógio mastiga
insónias passadas, cá dentro o sono é profundo,
o sonho reinventa-se, as formigas dispersam-se,
já não caminham apressadas;
vão e já não voltam,
abrem balas comuns no leito de um carvalho
em labaredas.

Conceição Bernardino



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