
Elegia a Monsaraz
Data 13/09/2013 00:14:15 | Tópico: Poemas
| Ó minha terra! Terra minha, tão perto e tão distante ... Navio imerso nos meus sonhos! Berço onde desci ao mar da vida sem ternura. Deixa que te veja, hoje e sempre entre noite escura. Monsaraz, senhora minha, madre, raiz! Diz-me onde te feri! Teu semblante me proteja! Teu olhar, sombras e recantos, me afague, sossegue, recolha ... Não há planura sem horizonte ou pátria sem Alma, não há prados como os teus cobertos por um véu ... Monsaraz, aia dos meus dias, senhora dos meus cedros, madre do meu tecto, raiz do meu loureiro. Diz-me onde te perdi! Ai, quanto me dói em ti meu coração! Talvez por magoa ou saudade, angustia ou solidão ... aquela solidão, a nossa solidão! Solidão imensa de quem é teu! E eu sou-o sem demora. Desperta Monsaraz, vila morta! Que o tempo passa e com ele passo eu, fecha-se-me a porta ... Acorda! Desperta! Recorda! Tu ficas, intima, infinita ... eu parto, poeta, errante! Ó minha terra-fria, tão perto, tão distante ...
Ricardo Louro em monsaraz
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