A verdade em cinco sentidos

Data 02/12/2006 23:16:55 | Tópico: Poemas

O som segue pelo canal auditivo
de forma lânguida e dengosa
serpenteando, enrolando
em modo marcadamente esquivo
com uma discrição melodiosa
que suavemente vai embalando
a memória de um sentimento altivo
em acção permanente e buliçosa
que se vai domando.
A suavidade que se sente pela pele
com o toque sempre lento
de uma vontade de ter
um gosto de mel
que se vai distribuido ao vento
em jeito de se oferecer,
em jeito de prazer que impele
a um gesto sem tento
cheio de improviso de viver.
O sabor que repassa a língua
que se entranha nas entranhas
do sentido agradável do paladar,
do que acusa toda a míngua
resultante de todas as manhas
que de tão ímpias, fazem chorar
o céu, sol e a lua
por degustações estranhas
e satisfações de ralar.
O segredo do cheiro que penetra
condicionando a direcção
e o sentido do caminho
que se toma à letra
seguindo sem condição
um pastor sem colarinho
mas que segue e adentra
por traçado que não está no chão
e que só o deixa ir sozinho.
E o que se vê é igual
ao espelho que reflete,
que diz que esquerdo é direito
e que o que não é natural
facilmente se compromete
sem reverência ou respeito
pela regra fundamental,
em atitude de frete
saída de fora do peito.

Valdevinoxis


Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=2573