Um estranho no espelho

Data 25/10/2013 22:02:05 | Tópico: Poemas

Você ilustre leitor
Que me lê do outro lado ai
Mora há 30 anos nessa casca
E confesso que não sei quase nada de mim

Estou secando uma garrafa de vinho
E o álcool já invadiu minha corrente sanguínea
Ja me sinto mais ousado e corajoso
Estou mais leve e com um pouco de euforia

Papel e caneta, estou sozinho, momento ideal
Mas na hora da escrita me sinto travado
O tema me causa calafrios
Falar de mim mesmo é complicado

Releio, acho besteira, dou risada, me condeno
Jogo fora o que escrevo
Nova tentativa, pego pesado ao extremo
Sou um carrasco de mim mesmo

Me sinto como um homem
Que mora no mesmo lar a muitos anos
Mas apesar de ser o proprietário único
Não conheço nenhum de seus cômodos

Como posso pedir que você entenda
Que poucas vezes sou meu amigo
E que na maioria das vezes
Sou meu maior inimigo intimo

Que meu ser e personalidade
Foi forjado por traumas, derrotas e glórias
E que meu medo é um prisioneiro indesejado
Preso na minha masmorra psicológica

Sou feito de muitas metáforas
Paradoxos e contradições
Receita caseira cheia de avessos
Com uma grande pitada de interrogações

Nasci sem nenhum manual de instrução
No contrato arriscado que é a vida
Me sinto um rato num labirinto infinito
No qual minha morte é a única saída!

Samuel
25/10/2013



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=257511