Libertação

Data 14/11/2013 01:27:01 | Tópico: Poemas -> Desilusão

Agora não preciso lhe desejar boa noite
Não preciso navegar em devaneios
Não preciso mais sonhar contigo.
Não é mais preciso me importar,
Porque nada mais importa.
Só me resta encher-me de comida
Repousar a face no travesseiro
Ter inúmeros e variados pesadelos
E por fim acordar, e ir ao banheiro.

Livrei-me das malditas correntes
Ou pelo menos tento me livrar.
Agora posso ser finalmente livre!
Isso mesmo, poetas, livre!
Não preciso mais continuar vivendo
Essa vida disciplinada pelo amor.
Sou inteiramente livre agora,
Para quem sabe, escolher outra paixão
E novamente sofrer de tanta dor.
Talvez seja uma condição humana
Adoramos a tormenta, rir do escárnio
De nossas próprias dores.

Provavelmente o amor nem se quer exista
Ou talvez ele só exista no plano imaginário
Numa forma idealizada do indivíduo
Onde o real nunca acontece, somente sonhos.
É projetado todas as nossas esperanças
Em algo impossível, inalcançável.
É um sentimento mentiroso, enganador
O mundo é uma eterna quadrilha,
De total desencontro amoroso.
Dizem não ter preço, mas eu discordo!
O amor mais verdadeiro e leal
Não te ilude, vai direto ao que se quer:
E lá se vai todas suas notas de reais.

Uma hora de tudo se cansa,
Pois ninguém é totalmente de ferro.
Cansei de ti, oh amores idealizados!
Tanto amei, sem nunca ter sido amado!
Tantos versos escritos, tantas ilusões.
E no final o que sempre nos resta?
O absolutamente nada, o vazio.
A ausência de qualquer coisa
Uma ausência preenchida
Totalmente de forma paradoxal,
Recheada de total melancolia.
Uma melancolia que tem peso,
Mesmo sem nem se quer existir!
Ela recobre sobre o peito, dói
Exerce sua massa, encolhe, comprime.
Maldita e insuportável dor sublime!

Ora, soltem-se, riam comigo!
Já não é mais preciso me importar,
Por que nada mais importa.
Não preciso seguí-la com meus olhos.
Agora posso ver o que quiser
Viver como quiser, seguir minha rotina.
Não preciso mais observar a lua,
Por que ela nem se quer aparece mais!
Hoje a noite não tem luar, e nunca terá.
Você, a minha Lua terrestre, não mais me fascina
Mas o único problema será lhe encontrar
Naquele maldito e longínquo corredor,
E esta dor do peito, novamente atina.


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