
À despedida
Data 05/01/2008 17:09:33 | Tópico: Poemas
| O indivíduo acocorou-se Num caixote de pétalas secas.
Encolheu-se, apertou-se E encalhou no cheiro alvo Que se agarrava às costas marrecas De um querido pai velhote e calvo.
Ainda tentava pentear-se com os dedos, Já pendões e maduros a cair da pele Cheia de padrões irregulares, Rugas cavadas em relevo Como se de beijos curvados e sem mel, Como se de palavras raspadas entre molares... Fossem esculpidas.
O indivíduo acocorou-se Numa forma que lhe parava a respiração.
Voluntário, encolheu-se, Enfiou-se em concha que lhe segurava a mão Em amparo de quase mãe... Em amparo de quase mãe.
A mãe já foi E o pai também dói...
O indivíduo acocorou-se, Escarafunchou a alma e agarrou-se, Num jeito de quem se agarra ao que pode, Num jeito que ninguém quer ou acode...
O indivíduo acocorado, Aninhado a um canto mal iluminado, Encostou-se às rugas velhas e novas Que lhe cobriam as saliências e covas E deixou-se cair.
Valdevinoxis
|
|