O CANTO DE UM POVO

Data 14/12/2013 17:02:17 | Tópico: Poemas -> Reflexão

Somos assim, meio sim, meio assim
Alegres crianças sem pais, sem pátria
Somos limites sem limites, sem país
Tudo que foi sem preciso ser, simplesmente foi

Somos assim, Caminhando por nossas cidades
O escuro da paz, um pedindo de paz
O grito não dado, a voz encurralada
A paz selada e a criança calada, seguindo a estrada

De sim e assim, somos
O sim que passa ao nosso lado, como fosse não
O não que brilha em nosso céu todas as noites
O não que nasce em nosso jardim noite e dia

Assim, somos a estrada não seguida
A casa não construída, derrubada!
Somos felizes, chorando ou sós e rindo
A mão estendida de um braço cortado

Somos um sol do norte na primavera
Um rosto que chora, de tão longa espera
Umas sem flores e outras com dores, somos assim
O calor de um eternamente seguindo um sim


Somos todos em qualquer canto, de todos os regimes
Somos praças destruídas, canteiros pisados e teimosos
Corpos abraçados e mumificados e expostos e livres
Do não fazendo o sim, e fazendo morada, do vazio a terra amada


Sim,
Para todas as vezes que as janelas se abriram para o sol
A todas as montanhas que se quebraram e liberaram os grotões
A todos os gritos que puderam ser ouvidos e vozes de mudos ouvidas
Sim, nada mais, ao nada injusto, que não seja ontem, que seja amanhã, sempre. . .





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