... naquele tempo

Data 06/01/2008 19:14:13 | Tópico: Poemas

Nós não tínhamos as mãos assim, amado,
agrilhoadas em ganchos e roldanas do passado,
nem tão pouco as pernas rombas dos guindastes
se negavam aos pesos e às cargas.

Não tínhamos sequer as mãos suspensas
em proas içadas dos navios,
nem estes permaneciam no cais apensos
por férreos cabos.

Em nós tudo fluía, tudo emergia, tenro e manso
num jogo simples, em danças e frufrus de crianças,
quando no cetim nos nossos lábios
as palavras fulgiam e beijavam segredos infantis,
e os teus dedos,
e os teus dedos, amado, subiam a pele quente
dos meus seios, teus brinquedos …

Tudo era força, amado,
tudo era energia e movimento…
…naquele tempo!




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