Poemas : 

... naquele tempo

 
Nós não tínhamos as mãos assim, amado,
agrilhoadas em ganchos e roldanas do passado,
nem tão pouco as pernas rombas dos guindastes
se negavam aos pesos e às cargas.

Não tínhamos sequer as mãos suspensas
em proas içadas dos navios,
nem estes permaneciam no cais apensos
por férreos cabos.

Em nós tudo fluía, tudo emergia, tenro e manso
num jogo simples, em danças e frufrus de crianças,
quando no cetim nos nossos lábios
as palavras fulgiam e beijavam segredos infantis,
e os teus dedos,
e os teus dedos, amado, subiam a pele quente
dos meus seios, teus brinquedos …

Tudo era força, amado,
tudo era energia e movimento…
…naquele tempo!



MT.ATENÇÃO:CÓPIAS TOTAIS OU PARCIAIS EM BLOGS OU AFINS SÓ C/AUTORIZAÇÃO EXPRESSA

 
Autor
Mel de Carvalho
 
Texto
Data
Leituras
901
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
4 pontos
4
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
Manuela Fonseca
Publicado: 06/01/2008 20:40  Atualizado: 06/01/2008 20:40
Colaborador
Usuário desde: 13/06/2007
Localidade: Lisboa
Mensagens: 885
 Re: ... naquele tempo
E tudo continua a ser energia e movimento, aliado ao teu talento, no tempo de hoje...

Gostei muito, amiga!

Beijinhos*
Manuela

Enviado por Tópico
MariaSousa
Publicado: 06/01/2008 21:39  Atualizado: 06/01/2008 21:39
Membro de honra
Usuário desde: 03/03/2007
Localidade: Lisboa
Mensagens: 4038
 Re: ... naquele tempo
Saudosismos dos primórdios, Amiga?

Um poema lindo!

Bjs

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 06/01/2008 21:40  Atualizado: 06/01/2008 21:40
 Re: ... naquele tempo
Na poesia de talento, o criativo, isto é, o autor,não se limita a atirar palavras ao vento, ocas, sem sentido ou enquadramento, por melhor que eventualmente soem aos ouvidos. Como neste caso, mais um espécime de excelente arte poética, traçam-se retratos psicológicas, pintam-se quadros, descobrem-se ideias com verdade e rigor e tudo se faz com elevação e sensibilidade, normalmente com recurso a alegorias, belas e sonoras. Mesmo quando o motivo possa parecer prosaico, como um simples arrefecimento de amor que a sensibilidade de um dos protagonistas dramatiza, comparando o afastamento ao aprisionamento, quando poderá não ser mais que um amuo.
Parabéns
h@p

Enviado por Tópico
Mel de Carvalho
Publicado: 07/01/2008 18:51  Atualizado: 07/01/2008 18:51
Colaborador
Usuário desde: 03/03/2007
Localidade: Lisboa/Peniche
Mensagens: 1562
 Re: ... naquele tempo p/ ManuelaFonseca, Maria.Sousa, PedroHenrique
A todos, meus amigos, agradeço muito reconhecida o vosso constante carinho.

"Beijos a quem é de beijos, abraços a quem é de abraços", como diz o Pierrot, meu amigo