Pelos cantos do mar como um Naufrago

Data 24/02/2014 19:43:37 | Tópico: Poemas

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Liberta-me destas asas que me atrapalham
Nunca aprenderam a voar mais Além
Nem refúgio nem descoberta deixa-me sossegar
Por este mar tão perto de mim
Que me desenovela Reduz a nada o todo,
A morte escondida, espreitando.

Sem começo, para quê?

Se estas visões inacabadas da aurora boreal
Reflexas algumas singradas sem sentir
Inconscientes efêmeras
Atraiçoando a inóspita terra que não me Habita
Onde não me habituo,

E

Enquanto procuro palavras para descrevê-las
Renova-se o cheiro das alfazemas
Brotam flores da amendoeira Adormecida.

Refugio-me
Pelos cantos do mar como um naufrago
Que esta loucura me seja presente jamais fuga ou vida.

Sim revi a rota mais outra vez

Além mais além neste aquém de mim que ainda me resiste
E que se repete moribundo.


(Ricardo Pocinho)



(in Coletânea do Ideal Clube de Fortaleza)



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