Avis rara

Data 05/04/2014 22:09:53 | Tópico: Poemas

Quanto maior a armadura, mais frágil é o ser que nela habita!"

Um ser de extremos, um homem, um menino, uma criança eterna que vive entre a realidade áspera ditada ao corpo e o sonho contado à alma. Um ser de extremos, uma alma viva, um solfejo incandescente que se desdobra entre a possibilidade de ter e uma mistura de emoções a percorrer-lhe a mente, uma tortura gélida que o impossibilita de se emaranhar, profundamente, nesse novelo que o tem ensinado a desapertar nós, apertando os mesmo na luta por apenas quererem existir. Um ser de Extremos, uma personagem que se mostra distante, intocável, sem a possibilidade de ser atingido e um figura que chora, que se dá, que se emociona com a mais pequena lucidez de carinho que lhe transmitem. Um ser de extremos, uma armadura feita de puro titânio, uma fronteira de pedra, um castelo frio, onde existe um calabouço para as emoções e um ser perdido, um autêntico castelo de cartas que se esbate no chão ao mínimo toque, à mínima brisa que por ele passa. Ele, um ser de extremos entre os extremos do pensamento vivo onde a emoção não se esconde . Frágil, amedrontado, incapaz de suportar a ausência, a troca, uma sensibilidade tão ínfima que se entranha nas pontas dos dedos, um menino que olha para o longe, que não suporta a transferência de peles, de essências, que não consegue imaginar a possibilidade do abismo quando imagina a dádiva de sabores, que não dorme porque o sono amedronta-o, porque nessa altura não está desperto.
Quanto mais tem, quanto mais sente, quanto mais se dá, maior será o desespero de um sentimento que se espalha, preenche, que atinge todos os poros por onde a pele respira, que abarca todas a ínfimas partes de um organismo que se ajoelha, olhando para a Terra e respirando em si mesmo pensa "apenas quero ser feliz".
...é uma alma feita de pequenos morfemas, de palavras simples, carregadas pelas ondas de um (a)Mar percorridas pela (br)isa, onde a sonoridade carregada de R se transforma na fluência simples de uma corrente branda em uma assimilação à pele onde a palavra fica tatuada.
Um ser de extremos, perdido, encontrado, que ri, chora, que tem, todos os dias, aprendido a caminhar, a andar, a voar para além de ele mesmo,

e se o encontrares na cave, lá no canto, naquele espaço contiguo ao inferno, de olhos lavados em lágrimas, não tenhas receios, porque apenas se encontra lá para se proteger, esconder a sua fragilidade...porque é tão simples ter medo!

...e se o medo existe, talvez seja porque tu também existas!

Um ser de extremos, apenas e só!


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