Desassossegos perdidos pelos nevoeiros que cercam apenas os passos, o que é que eu faço por aqui? (25 de Abril sempre!)

Data 23/04/2014 17:21:09 | Tópico: Poemas

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Ou um mar por perto ou desenganos afins
Desassossegos perdidos pelos nevoeiros que cercam apenas os passos, o que é que eu faço por aqui?

E o olhar?

Poder-te-ia sempre reconhecer País mesmo pelas pausas da visão turvada
Quando andorinhas são colhidas no meio da escuridão
Que se clama e grita vida.

Sei do caos desta terra que não é Minha
Que não será Nossa o mundo e
Perco-me contra os nadas que me desabrigam deste
(Ou de outro) Abril onde cravos vermelhos apodreceram
Tanta a prece pelo regresso do nevoeiro dos sonhos.
Daqueles que um dia chamaram de heróis
Jazem pelas poeiras dos caminhos veredas promontórios
De sítio nenhum sós e abandonados

Os homens já não falam do amar (que cansa)
Da esperança das lutas
Nem das Tágides correndo descalças rodeando os barcos
Apenas adamastores engrossam exércitos silenciosos Devastadores.

Sempre um mar por perto que se espraia pelo areal
Das mulheres vestidas de negro sem lágrimas
Símiles ao triste fado repetido tão perpétuo
Pelas rochas alisadas ou a poesia enterrada nas entranhas do
Clamor incapaz
Estéril.

E ouço os teus gemidos revolta calada dos Rostos
Inexpressivos a que se juntam palavras outrora
Deslumbradas como as paredes caiadas das casas.

(I)

Hoje o meu País está em ruínas.
O homem do leme já nem olha à popa
Mirando o vermelho e verde resta a cinza

A gesta a Utopia a Alma ainda resistem



(Ricardo Pocinho)


(25 de Abril sempre!
Afinal há mais uma batalha a vencer, e eu julgava que não...)







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