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 soneto do suicidaData 20/05/2014 01:48:26 | Tópico: Poemas
 
 |  | “Os crimes seus no inferno se agravaram; Já lhe disse as blasfêmias, os furores
 Digno prêmio em seu peito lhe deparam.
 
 “Vem agora após mim; pelos fervores
 Não caminhes da areia incandescente;
 75 Da selva ao longo evitas-lhe os ardores”.
 
 A Divina Comédia - Inferno - canto XIV
 
 
 
 
 
 Era noite quando se acercou, discretamente que vinha;
 a prata dos raios do luar banhava cheia a triste figura.
 A sós, logo estaria dizendo adeus, numa triste ladainha;
 sombrio, mas tentava aparentar apatia àquela altura.
 
 Aos pés da figura amada cairia, ignorava fosse venenosa,
 cursaria todo orbe, então, aos ventos anunciaria somente;
 ora tudo na mente relegaria; ao dito a voz seria volumosa,
 havido êxito, o ósculo selaria a reconciliação, suavemente.
 
 Quando falasse, cada sílaba sua teria sentido, seria clara,
 estava farto de adeuses, a cada despedida, a alma separa,
 sem nenhum retardo outro, daria por encerrada a historia.
 
 Não mais ouço passos sob lua de prata, nem olhar atento,
 através do pórtico do jardim aguardando fugaz momento;
 olhos brilhantes sem viço. Um tiro. Deixou a vida sem glória
 
 
 
 
 
 
 [ certamente agora habita o limbo]
 
 
 
 
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