Dança Da Chuva

Data 03/07/2014 00:43:23 | Tópico: Poemas

Tanto tempo que não chove
Vejo a relva seca sem florir
Nem um vento a folha move
O perene rio a se ressequir.

Defronte minha casa a lagoa
Agora é um lamaçal barrento
O dono é um velho avarento
Atolada na barreira a canoa.

E o ar seco incomoda a narina
Na rua de terra batida e areia
Quando passa a velha Belina
Levanta uma nuvem de poeira.

E as roupas penduradas no varal
Sendo sujas pela nuvem danada
Deixa dona Onça com cara de mal,
Mãos na cintura, com cara emburrada.

Até mesmo a garça sofre neste instante
Desesperada por um abrigo ela procura
Nada alivia. Nem um vento refrigerante.
Para este mal somente existe uma cura:

A chuva.
Mas as nuvens vadias são pirracentas
Vagueiam pelo céu sem lar nem raiz
Enquanto aqui só as lagoas lamacentas
Que não deixa nem um ser ser feliz.

E já não há mais índios para uma dança
Para invocar os deuses das boas águas
Lá fora morrem lentamente as plantas
Ao lavrador triste resta somente mágoas.

Espero do Olimpo, do Céu, De Odin
Que algum milagre por aqui se faça
Pois a vegetação anda a morrer de graça
E é tão triste ver a natureza daqui assim!




Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=273800